segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Divulgando ideias de consciência negra

SELO NEGRO LANÇA 
MULHERES NEGRAS NO BRASIL ESCRAVISTA E DO PÓS-EMANCIPAÇÃO


A Selo Negro Edições e a Folha Seca Livraria promovem no dia 21 de novembro, quarta-feira, a partir das 19h, a noite de autógrafos do livro Mulheres negras no Brasil escravista e do pós-emancipação. 



A obra reúne artigos de 20 importantes especialistas na temática, cobrindo o Brasil de norte a sul em termos teóricos e no uso de fontes diversas. A coletânea passeia por cidades, plantations e áreas de mineração nos séculos XVIII, XIX e primeiras décadas do século XX. “São textos de pesquisa que dão conta não só de cidades, engenhos, fábricas, mansões, mas que fundamentalmente reconstroem cenários e desenham paisagens revelando sombras, suspiros e formas de vida, do corpo, da mente e da alma das mulheres na escravidão e nas primeiras décadas do pós-emancipação”, afirmam os organizadores.
Além dos organizadores, assinam os textos Adriana Dantas Reis, Antônio Liberac Cardoso Simões Pires, Camillia Cowling, Eduardo França Paiva, Flavia Fernandes de Souza, Isabel Cristina Ferreira dos Reis, Luciano Figueiredo, Marcelo Paixão, Maria Cristina Cortez Wissenbach, Maria Helena P. T. Machado, Mary Karasch, Paulo Roberto Staudt Moreira, Petrônio Domingues, Sandra Lauderdale Graham, Sandra Sofia Machado Koutsoukos, Solange P. Rocha, Valéria Gomes Costa.
A principal proposta do livro, segundo os historiadores, foi não somente caminhar a partir das mulheres, mas com elas e por meio delas. Por conta disso, os textos tiveram como centro da análise os percursos de pequenas biografias, em uma diversidade territorial que abrange grandes cidades escravistas, destacando principalmente os Estados de Minas Gerais, Bahia, Paraíba, Goiás, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.
Referências nos estudos de gênero, escravidão e pós-emancipação não só no Brasil como nas Américas, os autores apresentam textos com uma narrativa diferenciada da abordagem acadêmica tradicional. A qualidade dos artigos e a originalidade da temática somam-se à diversidade de fontes documentais utilizadas nas pesquisas. Processos, jornais, literatura, inventários, músicas, poesias, registros de óbito, de batismo, iconografia etc. foram fartamente explorados para apresentar um panorama amplo da história da mulher negra, contemplando sua presença e participação em diferentes partes do país.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

professores que marcaram páginas!


Aos mestres com carinho!

Olá, amigos da ideias.
Hoje, 15 de outubro, é dia do professor e eu vinha colecionando alguns rodapés literários a respeito da data para conversar com vocês há um tempo. Por fim, depois de passar o dia inteiro ouvindo coisas tão negativas nos noticiários, documentários, telejornais acho que não vai dar pra fazer o que eu tinha pensado.
Não vai dar para fazer o que eu tinha pensado, isso é o que quero dizer!
Isso porque, depois de pensar e refletir sobre todas as coisas negativas que a imprensa insistiu em veicular nas últimas horas só o que me resta dizer é o seguinte:

Cada um de nós pode e deve fazer (a despeito dos meios de comunicação alardearem o dia inteiro que os professores nada têm para comemorar) a sua parte, e acho que isso vale para qualquer profissão. O resto, o Universo conspira pra que seja do jeito que tem que ser. (Eu, 15/10/2012).


Então, bora fazer o que eu tinha planejado anteriormente que é uma pequena homenagem através  de professores na literatura. Nada muito sério, pura diversão (e por que não?)
- Começando pelo mundo da magia de J.K. Rowlingmesmo não sendo muito fã da série Harry Potter, não dá pra deixar de lado esses quatro:


1) Severo Snape,  este, faz o que tem que ser feito, não importa o  que seja, nem para que lado. Brilhantemente interpretado pelo ator inglês Alan Rickman (não, ele não é parente da Ana Hickmann -que bobagem é essa que eu estou escrevendo aqui);
Mestre das disciplinas de Poções e  Defesa Contra as Artes das Trevas


2) Alvo Dumbledore, dispensa comentários é o mestre por excelência, aquele a quem todos respeitam e admiram, capaz de morrer pelo bem de todos.
Apesar de "você sabe quem", diretor de Hogwarts e mestre em transfigurações













Mestra na arte da transfiguração
3) Minerva McGonagall, por baixo do manto da austeridade, no fundo é umas mãezona. sempre cabe mais um no abraço dessa bruxa.


4) Sybil Trelawney, lenços, cabelos compridos, colares de contas, óculos, saias vaporosas, anéis.... "maluca beleza" em Hogwarts. Quem não quer uma professora assim?

Mestra em Magia e adivinhação, só podia, né?
 - Se para ser qualquer coisa na vida é preciso de um bom professor, então, Sherlock Holmes tem um antagonista à altura pois seu arqui-inimigo, o Professor Moriarty não mede esforços para vingar-se de Holmes. Na verdade, pouco se sabe, (pelo menos eu sei pouco) sobre o motivo de Moriarty ter o epiteto de professor mas, já que Sir Arthur Conan Doyle assim o quis, assim será: Registro aqui o 'Professor' Moriarty. 

Ilustração de Paget, para obra de Conan Doyle 
- Mas, como nem tudo são flores na literatura, há professores e professores e a descrição que segue, creio eu, dispensa maiores explicações. Segue aí um trecho do dito "único exemplo de romance impressionista brasileiro", segundo especialistas:

"Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar o pulso ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe do peito como uma couraça de grilos: Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio. Os gestos, calmos, soberanos, eram de um rei - o autocrata excelso dos silabários; a pausa hierática do andar deixava sentir o esforço, a cada passo, que ele fazia para levar adiante, de empurrão, o progresso do ensino público; o olhar fulgurante, sob a crispação áspera dos supercílios de monstro japonês, penetrando de luz as almas circunstantes - era a educação da inteligência; o queixo, severamente escanhoado, de orelha a orelha, lembrava a lisura das consciências limpas - era a educação moral. A própria estatura, na imobilidade do gesto, na mudez do vulto, a simples estatura dizia dele: aqui está um grande homem... não vêem os côvados de Golias?! Retorça-se sobre tudo isto um par de bigodes, volutas maciças de fios alvos, torneadas a capricho, cobrindo os lábios, fecho de prata sobre o silêncio de ouro, que tão belamente impunha como o retraimento fecundo do seu espírito, - teremos esboçado, moralmente, materialmente, o perfil do ilustre diretor. Em suma, um personagem que, ao primeiro exame, produzia-nos a impressão de um enfermo, desta enfermidade atroz e estranha: a obsessão da própria estátua.
Como tardasse a estátua, Aristarco interinamente satisfazia-se com a afluência dos estudantes ricos para o seu instituto. (O Ateneu, Raul Pompeia)


- Para finalizar em  alto astral,  que tal relembrar de um tipo de professor que acredita no que faz, acredita nos seus sonhos e é capaz de levar todos a seguirem pelo mesmo caminho, inclusive indo ao encontro a uma "Viagem ao centro da Terra": ninguém menos do que o professor Otto Lidenbrock que,  pela escrita de Julio Verne,  foi capaz de encarar a maior de todas as aventuras, para deleito dos leitores uma página após a outra.



Então era isso amigos das ideias, a postagem de hoje  é uma homenagem aos professores, dentre os quais me incluo e, por isso mesmo permiti-me ser mais leve e solta e, quase numa brincadeira divertir-me com a lembrança desses personagens.
As imagens ficam todas creditadas ao Google images, bem como à Wikipedia fica o crédito pelo currículo dos mestres de Hogwarts.


Até breve,
Cármen Machado.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

"Viva a vida" e aumenta que isso aí é rock and roll!



Do acordeão à guitarra elétrica, a história do rock de Guaíba
       O nosso rock: a história do rock de Guaíba
      César Tadeu Barcellos , 172 p.
       Ed. do autor: Ideograf, 2010.                                                              
Reunindo as memórias de sua ligação com a música desde a infância, César Tadeu Barcellos, ou melhor, Tio César, “arranja” neste livro as peripécias roqueiras neste nosso berço da Revolução Farroupilha entre os anos 60 e 70 e, de saída, prova que o bom e velho rock and roll  nunca morre.
Nascido em Getúlio Vargas, interior do RS, seu primeiro contato com a música foi tocando acordeão com seu pai no início dos 60’. Na época, conta, a sintonia com o resto mundo não era fácil: sem televisão, notícias nada atualizadas em rádios e jornais, “as estrelas do rock pareciam inatingíveis, coisas da imaginação, eram como extraterrestres (às vezes chego a pensar o mesmo sobre a Lady Gaga, não sei por que) que viviam num outro mundo bem distante da nossa galáxia interiorana”.
Foi através do cinema (e, amigos, podem ir esquecendo essas modernas salas de shopping que insistem em chamar de “cinema”, não era nada disso), que o guri acordeonista se aproximou dos ídolos que lhe apontaram o caminho do rock. O “acorde” de misericórdia na vaneira foi dado quando ouviu Beatles pela primeira vez.  

          A hard Day’s Nigth (...) Uma loucura! Aquilo foi o mesmo que   uma ordem para jogar meu acordeom, chapéu, botas e bombachas fora.
     E a ordem foi cumprida à risca- virei roqueiro” (pág.10)
           
Rock corre nas veias e, desde então, a vida de Cesar Tadeu Barcellos tem como trilha sonora "only rock’and roll"( and He like it).  Mudança para Guaíba veio, amigos “falando a mesma  linguagem”,  cabelos crescendo e não podia dar outra: nasceu uma banda: Os trepidantes, criada em 1967  e que animou bailes, shows e fez muita festa em Guaíba. Até que as responsabilidades chamaram, afinal de contas, roqueiro também casa, tem filhos, mulher, e até trabalha em banco, com cabelo cortadinho, barba feita, terno e gravata. (E aqui vai um conselho, caro amigo das ideias, na próxima vez que for ao banco, dê uma boa olhada no seu gerente de contas, talvez, por trás do terno engomado, esconda-se um um roqueiro dos bons.)

http://ofumeta.zip.net/arch2007-03-01_2007-03-31.html/
"Os trepidantes", ensaio em 1967 com
Jorge(Trini), Adro, Ricardo e César
Então, como é que o roqueiro renasceu das cinzas, depois de 25 anos de "stand by", como o próprio César diz? 
Ah!, isso só lendo o livro pra saber, né, porque eu não vou contar tudo aqui. O mais importante é que, esse regresso teve uma tremenda aceitação, na cidade: "houve, digamos, um certo encantamento da garotada roqueira em ver tantos 'dinossauros' juntos em cima de um palco e, pior, fazendo rock"(pág. 130).
A partir de então, novos adeptos e bandas foram surgindo e veio a necessidade de um registro desses grupos. O que a princípio era um simples mural com nomes e endereços para contatos dos músicos foi a origem  do livro  Nosso rock, a história do rock de Guaíba:

                 " Resumidamente, este livro tem apenas três  objetivo, mas que se forem atingidos em parte ou no todo, resultará numa evolução espetacular paras nossos músicos roqueiros e para o rock-arte de nossa cidade, pelo menos na minha ótica, que são:     
         -   Apresentar um pouco da história do rock de Guaíba.          
         - Buscar a valorização dos nossos roqueiros como artistas e do rock como arte.
          - Apresentar para Guaíba as bandas de rock que fizeram e que estão fazendo a história do  Nosso  Rock."( pag. 15)

E isso não é pouco em uma cidade onde a cultura tradicionalista está tão enraizada, é preciso abrir espaço, muitas vezes com metais, guitarras e volume altíssimo, não esqueçamos que o rock já foi considerado como "música do diabo" e as generalizações são fáceis de difundir mas praticamente impossíveis esquecer. Mas é preciso separar o joio do trigo e reconhecer o que é arte e o que é realmente baderna. 
É incrível como o livro elenca uma série enorme de bandas que passaram ,ou que ainda continuam ativas em solo guaibense e até no exterior, inclusive Os trepidantes, é claro. A lista chega mesmo a ter uma parte dedicada à parte feminina do rock, (sim, amigos das ideias, aqui em terras farroupilhas, há "prendas" fazendo rock), no capítulo intitulado "Rock cor-de-rosa" podemos  conhecê-las e eu, que não "toco" nem pedrinha n'água, e sou cantora de banheiro(registrada na ordem dos músicos e tudo)  morro de inveja (que é o que me resta nesta festa, além de fazer esta resenha  rsrsr).
Com as mais diversas influências e estilos, a história de cada uma das banda em si já daria, com certeza um livro à parte. O mesmo vale para os sugestivos nomes que adotaram o que, obviamente deve ser material para mais um volume. (Quem sabe o Tio Cesar não aproveita a ideia?). Por exemplo......., .......... uhm, resolvi não citar nenhuma porque tu vais ler o livro e, então, cá estaremos para bater papo sobre isso, ok. Além disso, na faixa 6 do CD Viva a Vida - Os trepidantes(2006)*, a letra da excelente "Woodstock local"  fala de algumas delas, não deixe de ouvir o CD também, certo.
As fotografias que acompanham a descrição de cada banda também merecem algumas considerações, pois algumas mostram as bandas em ação e, por certo, devem despertar emoções saudosistas não só nos componentes, como nos fãs. Vale a pena acompanhar o histórico de cada um dos grupos, analisar as imagens e viajar no tempo, a cada página, um acorde distorcido vibra em nossos ouvidos, posso garantir.
E o mais importante  é que o Tio César continua por aqui dando voz à cena roqueira guaibense e levando a bandeira do Rock'and roll, buscando apoio oficial para eventos e abrindo oportunidades para as novas gerações, inclusive junto à comunidade escolar, "as escolas poderiam incentivar o rock, por exemplo, realizando ao menos duas vezes por ano, um festival específico para músicas inéditas e do tipo 'cover' "(pág 35). Uma excelente opção a ser considerada pelas gestões estadual e municipal. Fica o reforço à dica do Tio César.
Para encerrar nosso bate-papo, amigos das ideias, aviso-os de que não sou especialista em música. Atrevi-me a esta resenha como ouvinte e apreciadora de boa música em geral e do Rock'and roll em particular, portanto, qualquer sandice  técnica/vocabular que eu tenha cometido por aqui, fiquem à vontade para contestar, estamos aí. O espaço para os comentários fica sempre à disposição dos amigos.
Seguem algumas imagens, (especialmente do meu CD, devidamente autografado) pelo amigo Amauri Rubim, e termino agradecendo ao Tio César Tadeu Barcellos que compartilhou conosco sua história, a história d'  "O nosso rock", a história do rock de Guaíba. 
Ah!, também, abaixo, a letra da minha favorita dos Trepidantes: "Fraude ambulante"(faixa 2 de Viva a vida) . No mais,  é country-rock e deixa assim!
Abraços a todos! 
Até a próxima ideia de canário, que não são poucas, mas vai dizer isso para o relógio que insiste em reservar só 24h para cada dia.

bjokk, 
Cármen Machado.
Os trepidantes, formação recente: Amauri Rubim, Tio César Barcellos, Marcelo Andrade e Giovani Aguiar
detalhe interno da capa do CD autografado

Fraude ambulante

Não acredito em você, /
em nada  que em nada que você faz  /
em nada que você diz
em nada que você pensa ou diz que quer fazer/
como consegue viver
nessa mentira só
tua vida é uma farsa, casa de esquimó
de esquimo, de esquimó
não acredito em você
nesse sorriso fingido soluços de crocodilo /
se diz que vai não vai  se diz que foi não  foi
você não sabe ser
sempre rodeado de amigos do tipo escravos de jó
verdade tem que ser dita: "cê" está sempre só,
sempre só, sempre só....
fraude, você é uma fraude ambulante,
fraude itinerante
uma fraude, uma fraude  só(...)


           
Capa do CD Viva a vida/2006*

Detalhe: a origem da faixa 1: "É proibido proibir"



·     



















































terça-feira, 9 de outubro de 2012

Coletânea para novos escritores

sábado, 22 de setembro de 2012

Regrinhas básicas para book tour "Contos de fada tornam-se adultos"



Olá, amigos que toparam participar do book tour Contos Infantis tornam-se adultos.
Com certeza vocês vão curtir a leitura.
Então vamos à ordem:

1- Mundo SA
2- O mundo de ninguém
3- Mundo literário
4- Arte Around the World
5- Recanto do escritor Sérgio Carmach

http://snack.to/bzu5bfaf

  • Seguir pelo GFC  Ideias de canário e os outros participantes do tour;
  • Levar para o seu blog o banner acima(basta clicar no link da legenda e copiar o código); 
  • Marcar o livro Contos infantis tornam-se adultos como "lido" no skoob;
  • Marcar Para sempre Ana como lido no skoob;
  • Curtir as fan pages dos blogs  Mundo literárioIdeias de canário e Arte Around the World
  • Comprometerem-se em passar o livro para o próximo da lista em pelo menos 30 dias(qualquer entrave no prazo, avisar: por e-mail -migmuca@yahoo.com.br)
  • Publicar a resenha nos respectivos blogs e no skoob; 
Estando todos de acordo, basta comentar neste post e correr pro abraço.

bjokk,
Cármen Machado.

domingo, 16 de setembro de 2012

Adeus à humanidade


Olá, caríssimos amigos das ideias.
Sempre que consigo publicar uma resenha e estar produzindo por aqui é uma glória pra mim. O trabalho não tem me permitido dedicação exclusiva ao Ideias de canário, mas fiquem sabendo que tenho mais três resenhas na "agulha", quase prontas para serem disparadas, sem falar no book tour de Contos de fada torna-se adultos  que ainda esta semana deve começar a rodar.
A ideia hoje é para que os amigos leitores deem "Adeus à humanidade". Vamos seguir os passos fantásticos dos personagens criados pela escritora Márcia Rubim nesta, já não tão improvável história de amor entre... bom vamos à resenha e, depois, corre às boas casa do ramo para  ler a obra ou, tenta a sorte nas promoções que estão no ar nos blogs amigos o mais depressa possível.



 Adeus à Humanidade  -  Marcia RubimNovo
Editora: Novo Século/Selo: Novos Talentos da Literatura Brasileira
Páginas: 392/Ano de Lançamento: 2012
Em Adeus à humanidade, da autora carioca Márcia Rubim, os fatos são narrados, em primeira pessoa, por Stephanie, nossa protagonista.  É pelo ponto de vista dela, de seus princípios e de sua humanidade que o leitor vai tomando conhecimento do mundo em que vive: a superficialidade de suas relações amorosas, sua acomodação com a situação familiar, seu quase distanciamento afetivo em relação à mãe, por sentir-se tão diferente fisicamente dela e, em contrapartida a isso , o enorme apego a Juninho, seu meio-irmão. 
É a própria Stephanie, jovem carioca de aproximadamente 20 anos, quem expõe - diante dos nossos ávidos olhos de leitor - sua confortável situação econômica, devido ao fato de ser filha de um renomado hematologista, que vive no exterior com sua segunda esposa. Stephanie descreve-se como estável emocionalmente, é uma menina do bem, enfim, é normal, humana, mas também deixa bem claro que se sente vazia, com um “buraco que não conseguia preencher”:

    Às vezes eu parecia um peixe fora d’agua.  Sentia falta de ter um objetivo, de fazer planos para o futuro. Não fazia parte de lugar nenhum neste mundo. (...) Nada mudava, inclusive eu. “(p.12)

Então, algo acontece na imutável existência de Stephanie: Seu pai desaparece misteriosamente e, com ele, a estabilidade financeira, obrigando-a a tomar atitudes drásticas para o seu acomodado padrão comportamental. Ela vai à luta em busca da subsistência, pois é a única em condições de fazê-lo, não só pelo bem da mãe e do irmão, a quem tanto ama, como também por ela própria.
É neste momento que a verdadeira essência dessa jovem vem à tona. A vida despreocupada no Rio de Janeiro é substituída por uma rotina pesada de trabalho em São Paulo, para onde se vê obrigada a mudar na busca de um melhor salário como enfermeira. Toda a capacidade de luta que tinha guardada dentro de si (e que acredito que nem ela mesma sabia ter), a ponto de privar-se inclusive de uma boa alimentação a fim de fazer economias para ajudar no tratamento do irmão, é posta em cena e uma nova Stephanie nasce. A enfermeira Stephanie, competente, capaz, determinada e criteriosa. Mas ainda vazia:
         
                                                “Agora sim, estava realmente sozinha... –  refleti.
                         Ou melhor, eu e o meu vazio. Ele sempre me       acompanhava onde quer que eu estivesse, em qualquer época e intensamente. E tudo o que ele fazia era somente crescer, como se o nada pudesse ser medido.” (p.56)

Nessa nova fase de sua vida, com todas as dificuldades que enfrenta, ela mostra um lado interessante de sua personalidade, que é a capacidade achar graça de si própria e de algumas situações embaraçosas em se vê envolvida, inclusive em relação ao difícil Dr. Richard, o médico infalível, o exigente e temido hematologista bonitão, mas também o “insuportável” do hospital no qual ela acaba indo trabalhar.
“A vida é mesmo uma coisa muito estranha”...
É desta maneira que Stephanie começa contando sua história. Mas ao mesmo tempo em que ela faz essa constatação, sua vida vai seguindo por caminhos que parecem ter sido traçados “na maternidade” (olha a engraçadinha da Stephanie soprando palavras no meu ouvido rsrsrsr) desde 1872: neta de uma mulher que era portadora de uma doença sanguínea rara e incurável, filha de um hematologista desaparecido de forma inexplicável, trabalhando em um hospital como enfermeira assistente de um hematologista muito atraente, mas também misterioso e fascinante, por quem ela está perdidamente apaixonada. Bingo!     
Salta por entre as linhas, a cada página lida que o “vazio” de Stephanie está prestes a ser preenchido, por mais que  tente fugir disso. E como tenta.
A realidade do que Richard realmente é cai na existência de Stephanie como uma bomba, mas ela, mais uma vez, supera-se e deixa que o amor assuma o comando de sua essência humana. Por fim Stephanie encontrara o que tanto lhe faltava, a sua metade da laranja, e não seria a diferença que havia entre eles a fazê-la desistir:
                                                 
               “...salvara todas as pessoas que dele dependiam... E estava salvando a minha também. Curando meu vazio, que fora preenchido totalmente por seu amor, livrando-me de um buraco negro no qual havia caído, pensando em nunca mais dele ser possível retornar.” (p.203)

Em Adeus à humanidade, um amor improvável mostra aos leitores o quanto é possível superar diferenças e dificuldades impostas pela vida (ou pela morte). Viver para amar ou amar a ponto de morrer é o que importa para Stephanie e Richard a partir do momento em que assumem o amor um pelo outro  e ambos dão provas disso: ele ao arriscar a vida para curá-la, ela, ao aceitar incondicionalmente a existência cheia de amor, mas fora da humanidade e ao lado dele para sempre.

Então é isso amigos. Espero que tenham gostado e que em breve tenham lido a obra da excelente Marcia Rubim  e sentido, através das linhas como é amar e dizer Adeus à humanidade.

Até a próxima ideia.
Cármen Machado.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Convite aos blogs amigos:

Olá, olá, queridos amigos das ideias!

Essa postagem é um convite para os blogs amigos interessados em participar do Book Tour "Contos Infantis tornam-se adultos", de Sun Holiver, pela editora Movimento.
Quem ainda não leu, acessa o link da resenha aqui,  com certeza  o livro vai  te interessar. Se estiver interessado em participar do Book tour,  é só enviar e-mail para migmuca@yahoo.com.br,  indicando "book tour' no assunto e entraremos em contato para para combinar os detalhes, certo.
Espero por vocês!
bjokk,
Cármen Machado.





quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Contos de fadas: da fantasia à realidade


Contos infantis tornam-se adultos, Sun Holiver

Editora Movimento, 2010
120 p, ISBN 978-85-7195-166-2
Que tal aproveitar a onda revival pela qual os clássicos infantis passam,  no cinema, por exemplo com Branca de Neve e o caçador,para falar também sobre novos olhares lançados sobre os contos de fadas na literatura?
É fato que, desde que Bruno Bettlheim analisou a influência dos contos de fadas tradicionais sobre o público infantil, muitas outras publicações com essa tendência surgiram, o que sempre torna a leitura interessante para nós, adultos de cabeça feita. Afinal de contas, quem, na infância, não escutou histórias sobre os longos, loiros e belos cabelos que lançaram Rapunzel da torre direto para os braços de seu amor? Quem não torceu, a cada migalha de pão encontrado, por João e Maria, enquanto, procuravam o caminho de volta a casa, para desgosto da sempre e cada vez mais malvada madrasta? E, sejamos sinceros, as lentilhas que a Borralheira teve de catar para ir ao baile, deveriam ter sido socadas goela a baixo da outra (a madrasta que, assim como o mordomo, é sempre culpada nestes  casos).
Sun Holiver, em Contosde fadas tornam-se adultos, não se propõe a resolver essa trágica questão entre belas, torturadas e infelizes mocinhas e suas madrastas e bruxas (sempre de plantão), por outro lado, questiona sob uma ótica adulta, como o próprio título sugere, a presença de um elemento específico nesse universo tão feminino.
     Por favor, caro amigo das ideias, não entenda a expressão “ótica adulta” que usei acima como sinônimo de pomposo ou científico, acadêmico, chato, cansativo...
        Nada disso!
     Para além das análises psicanalíticas já conhecidas, a autora inova ao abordar a simbologia por trás desse elenco, presente em nosso imaginário desde a infância gerações após gerações, pelo menos até agora. De forma muito bem humorada, Sun Holiver conduz nosso olhar para aspectos que, ao lermos -  ludicamente, apenas -  não chamariam a atenção. 
    Foram seis "contos de fadas" por ela escolhidos: Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, João e Maria, A Gata Borralheira e a “hollywoodizada” Branca de Neve, sobre quem  a autora fala, já na Introdução:

“Certa vez, lendo sobre Branca de Neve, decidi analisá-la fazendo uma crítica sob uma nova ótica. As ideias começaram a surgir em quantidade. Eram de todos os tipos. Selecionei-as, registrando-as com cuidado. (...) enquanto lia, vinham-me à memória infinitas relações dessas histórias com fatos ocorridos não só na minha vida como na de pessoas que eu conhecia.” (pág. 9)
             
     Imagine, então, leitor e amigo, que aspectos seriam esses? Que poderiam os irmãos Grimm, na Idade Média, terem escrito e que viesse  despertar (compartilhado, curtido e tuitado) no nosso ultramoderno e digitalizado inconsciente coletivo? 
São muitos, acreditem. Basta pensar, em relação a cada um dos contos, sobre o papel de determinados personagens? Que fazem? Como atuam? Onde estão em  momentos cruciais da vida das heroínas? E mais não digo. Deixo com vocês um trecho que, tenho certeza, será reconhecido de pronto, nem preciso dizer de que história se trata:

“A pergunta que me inquieta e que ficará perturbando a minha mente é a  seguinte: Onde estava...........   (pág. 65)
               
    Pensando bem, não vou terminar a citação. O melhor é que você mesmo faça o mergulho neste “mundo de fadas adulto” e tire suas próprias conclusões. E não deixe de voltar aqui no Ideias de canário e fazer seu comentário sobre o que achou da leitura de Contos infantis tornam-se adultos. Só o que posso adiantar é que nunca mais você lerá um conto de fadas tradicional da mesma maneira.

SOBRE A AUTORA:
Sun Holiver
Gaúcha, reside em Porto Alegre, escritora, historiadora, museóloga, educadora na área das Ciências Sociais. Admiradora dos mistérios de Agatha Christie, fez-lhe uma homenagem ao escrever "O assassinato de Agatha Christie", publicado pela Editora Soler/2007.
A autora alia a imaginação, inspirada nas histórias que ouvia da avó na infância, aos conhecimentos acadêmicos e  vivências de viagens para criar suas obras e podemos esperar pelo menos mais três obras (excelentes, eu garanto) pra muito breve.

sábado, 11 de agosto de 2012

Tal pai, tal filho



Herança é algo que todo pai sempre deixa para os filhos, seja ela material, cultural ou, principalmente, valores éticos e morais. Mas, vamos concordar que, em se tratando de heranças, a vocação literária pode ser o melhor legado que um pai pode passar aos filhos.
Em homenagem ao Dia dos Pais, neste domingo, 12 de agosto, o Ideias de canário faz esta homenagem  a todos os pais lembrando  pais e filhos x literatura. 
Em particular, fica a minha homenagem, não é de hoje que digo e repito que herdei do meu pai (que com certeza,no plano superior,  continua folheando suas páginas) essa paixão quase insana(eu) pela leitura.
Outros autores com certeza ficaram fora desta postagem  mas conto com os amigos das ideias para lembrar deles através de seus comentários.

Alexandre Dumas: 24 de julho de 1802/ 05 de dezembro de 1870.
O clássico de "capa e espada":
Os três mosqueteiros
Conhecido por seus livros do gênero capa-e-espada, estilo nascido em solo espanhol no século XVII, inspirado nos romances utópicos e nas desilusões amorosas, foi autor de peças teatrais, publicou artigos em periódicos franceses da época. A rainha MargotOs três mosqueteiros o  as obras mais conhecidas desse famoso pai francês.

                               

              

                                             
 Dumas+Dumas






Alexandre Dumas, filho: 27/07/ 1824 - 27/11/ de 1895.
A famosa cortesã:
"A dama das camélias"

Seguiu os passos de seu pai, tornando-se um conceituado autor de romances e de peças teatrais.
Apesar do pai consagrado, fez seu próprio caminho literário, prova disso foi sua admissão na Academia Francesa de Letras, em 1874. De sua relação com a jovem cortesã Marie Dupleiss, veio a inspiração para sua obra mais conhecida, A dama das camélias.
                   -*-*-*-* -*-*-*-* -*-*-*-* -*-*-*-* -*-*-*-* -*-*-

Carlos Heitor Cony:
uma narrativa inteira em homenagem ao pai
Outro precioso exemplo de "escritor herdeiro"  é Carlos Heitor Cony, (filho de Ernesto Cony Filho) escreveu, em 1995,  o excelente "Quase memória",  livro inspirado em suas lembranças do pai jornalista. "Quase memória",  brilhantemente escrito, rendeu a seu autor, em 1996 o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. A herança literária de Ernesto para Carlos deu-se ainda em vida desse, uma vez que em 1947, surgiu a oportunidade de cobrir as férias de seu pai no Jornal do Brasil, então um grande jornal do R.J. Romancista, cronista, contista e também jornalista é o titular da cadeira número 3 da Academia Brasileira de Letras.


Sinopse:

"Uma tarde, o jornalista Carlos Heitor Cony recebe inesperadamente um envelope. Reparando bem, identifica no sobrescrito a letra do pai falecido havia dez anos. A visão do embrulho desata a memória, e tem início, assim, a cerimônia de reencontro de um filho com seu pai. De um simples pacote, ainda não aberto, saltam alguns sinais: a técnica de fazer o embrulho, a perfeição do nó no barbante, o formato da letra, a tinta roxa e certos cheiros (de alfazema, de brilhantina e de manga). Cada sinal trás de volta uma história inesperada do homem Ernesto Cony Filho, que possuía um formidável apetite de viver."

Uma homenagem e tanta Carlos Heitor Cony  fez pai, Ernesto Cony Filho, sob a forma de uma  bonita e absorvente narrativa. Eu já li, recomendo.

Feliz dia dos pais a todos os amigos das ideias 
Cármen Machado.